Romance


por Bethânia Morico

Quem não conhece a história de amor de Tristão e Isolda? Um jovem guerreiro vai à Irlanda em busca de uma noiva para seu solitário tio Mark. Encontra Isolda. No caminho de volta, eles bebem um vinho enfeitiçado e apaixonam-se perdidamente. O final trágico dessa mítica história foi base de muitas outras, como Romeu e Julieta, de Shakespeare, e de toda relação de céu e inferno que cerca a experiência amorosa.
“A palavra paixão quer dizer sofrimento: paixão de Cristo, por exemplo.Quem diz que está apaixonado, diz que está sofrendo por amor e, o que é mais incrível, está gostando de sofrer. Nas histórias românticas, amar significa sofrer.”, fala de Pedro, personagem de Wagner Moura no filme “Romance”, de Guel Arraes.
“Romance” narra, a paixão de Pedro e Ana (Letícia Sabatella), dois jovens atores que se apaixonam durante a montagem teatral de Tristão e Isolda. Ao mesmo tempo em que recriam a história eles tentam descobrir para si próprios uma nova forma de se relacionar, amar e sofrer, como pede uma boa paixão.
Além de muita poesia romântica, nas entrelinhas do filme, lê-se uma certa crítica à venda da arte, às dificuldades enfrentadas pelo teatro e por quem vive dele e uma crítica, mais que merecida, ao capitalismo e poder televisivo (não sei se havia intenção de rechear “Romance” com as críticas, nem se outros também as reconheceram. Mas mesmo que não tenham passado de pensamentos 'à mais' da minha cabeça desconfiada, as críticas foram muito bem colocadas!).
A fotografia é belíssima. As cenas do sertão nordestino impressionam e engrandecem o filme. Aliás, ao assistir “Romance” você fica com uma incrível vontade de se apaixonar, e amar, e, inclusive, de morrer de amor. Ou de rir, porque mesmo recriando uma tragédia, o filme faz rir. E muito!
A música ficou por conta de Caetano Veloso e é uma maravilha à parte. “Nosso Estranho Amor”, que é tema do filme arrepia enquanto o amor acontece e desacontece.
“Romance” é um filme para ver e rever e sentir todas essas sensações que só uma boa história de amor pincelada com poesia e sorrisos faz-nos sentir. Morrer ou não de amor, é só mais um detalhe.

Para quem quiser mais, vale a pena acessar: http://www.romanceofilme.com.br/. Lá você encontra tudo sobre o filme e até um espaço para fazer sua declaração de amor.

PS: levei minha avó para assistir ao filme. E mesmo não entendo muito bem, pois ela já não ouve muita bem, ela adorou a fotografia do filme. Deixo aqui algumas sugestões para que nossos vovôs aproveitem mais: os cinemas deveriam isentar os idosos de pagar qualquer valor para se divertir e distrair; mesmo os filmes nacionais, poderiam deixar legendas para aqueles que tenham dificuldades auditivas; e os netos deveriam sempre fazer programas culturais com os vovôs. É ótimo!

O Vazio

Aberta no último dia 25 de outubro, a 28ª Bienal de São Paulo causou polêmica com a novidade deste ano: o pavilhão do segundo andar completamente vazio. A proposta da curadoria se refere ao conceito criado por Le Coubusier, em 1926, chamado Planta Livre, que permite aos visitantes observarem os detalhes da arquitetura do edifício, além de pensar na crise da Bienal como instituição e das artes em geral. “É a oportunidade de ocuparmos este vazio com a discussão do papel do Estado na cultura e da cultura como direito de todos”, defendeu Alfredo Manevy, secretário executivo do Ministério da Cultura.
Mas a idéia não agradou muitas pessoas. O espaço já foi invadido por pichadores que deixaram sua marca de protesto à suposta ‘falta de criatividade’ de quem criou "o vazio da Bienal".

Depois dos pichadores, o artista Maurício Ianês curiosamente ocupou o segundo andar com a mostra “A Bondade dos Estranhos”. Circulando nu pelo espaço desocupado, ele permaneceu por lá com a solidariedade de anônimos que lhe doaram roupas e comida.
Ontem, o coreógrafo Ivaldo Bertazzo comandou uma nova ‘invasão’ ao prédio da Bienal. No ato, cerca de 100 pessoas com os corpos pintados marcharam em direção ao prédio da Bienal, no Ibirapuera, e 'invadiram' o primeiro andar do edifício. O público adorou e dançou com os dançarinos pintados.
A “Bienal do vazio”, que termina no dia 6 de dezembro, criticada ou contemplada, conseguiu uma adorável mobilização de artistas, público e olhares, que, até agora, preencheu o comentado vazio, se não com obras, com instigante presença e muito pensamento. Não era essa a idéia? Então, viva o vazio, que nos obrigou a preenchê-lo!

por Bethânia Morico

Agenda Cultural

Cinema
Chega a São Paulo pela segunda vez o Festival de Cinema Independente “Indie 2008”. O evento, que é composto por curtas, médias e longas, abre portas para cineastas e diretores da nova geração de dez países mostrarem suas visões de mundo. Os filmes apresentados são todos independentes, isto é, aqueles que não são apresentados no circuito comercial.

É uma ótima oportunidade para quem deseja assistir filmes gastando pouco: o ingresso inteiro custa R$ 6 e R$ 3 para idosos e estudantes. O evento está em cartaz até o dia 12 de novembro no CINESESC, na rua Augusta, 2075. Mais informações no site Indie 2008.


Exposição
Museu de Arte Brasileira da FAAP, traz dos dias de 9 de novembro a 12 de dezembro, ilustradores Belgas. "Carnaval e Panorama" retrata as festas carnavalescas da região através das obras de 55 artistas.
Local: Rua Alagoas, 903, Higienópolis, região central, São Paulo, SP.
Grátis.
Para mais informações acessem http://www.faap.br/


Música
E mais apresentações internacionais embalam as noites paulistas ainda nessa semana.
A casa de shows Via Funchal traz ao Brasil nos dias 10 e 11 de Novembro a banda americana R.E.M., mostrando ao público com o lançamento de seu 14º CD, a ótima fase dos músicos.
Os ingressos custam de R$ 200 à R$ 500 reais.
Classificação: 14 anos.


Teatro
Sucesso nos anos 90, a peça “Confissões das Mulheres de 30”, de Domingos de Oliveira volta à cidade de São Paulo em nova montagem. De uma forma descontraída e bem-humorada, as atrizes Ana Brito e Cunha, Fernanda Serrano e Maria Henrique levam ao palco as preocupações, medos, temores e amores das mulheres na faixa dos 30 anos. Todas as confissões apresentadas são baseadas em histórias reais de mulheres balzaquianas.

A comédia, que já passou por vários países, está em cartaz no Teatro Folha, avenida Higienópolis, 618, piso 2 – Consolação. As apresentações ocorrem todas a sextas-feiras às 21h30, aos sábados às 20h e 22h e aos domingos às 20h. O ingresso custa entre R$ 40 e R$ 50 e o teatro aceita os cartões Diners, MasterCard, Amex e Visa. Classificação: 16 anos. Mais informações pelo telefone: (11) 3823-2323.

Um Beijo Roubado(My Blueberry nights)

O filme Um beijo Roubado (My Blueberry nights) conta a história de Elizabeth (Norah Jones), uma jovem que ao sofrer uma decepção amorosa decide embarcar em uma viagem pelos Estados Unidos para superar a dor que está sentindo e resolver suas questões interiores sobre o amor.

Durante seu trajeto pelas estradas americanas ela acaba conhecendo outras pessoas que também vivem dilemas em suas vidas com relação ao amor, como: Arnie (David Strathairn, Boa Noite e Boa Sorte), Sue Lynne (Rachel Weisz, O Jardineiro Fiel) e Leslie (Natalie Portman, V de Vingança), ao observar a vida destes personagens Elizabeth aprende que a dor, a confiança e o respeito são alguns sentimentos que sempre estarão relacionados ao amor. As experiências vividas por Elizabeth em sua viagem contribuem para que ela construa sua identidade. Um Beijo Roubado está disponível em DVD desde julho deste ano.


Por Iara Aurora

Papiers à la Mode

Aficionados por moda e interessados em arte têm um programa cultural garantido desde o dia 12 de outubro no Museu de Arte Brasileira da FAAP, na cidade de São Paulo: a exposição “Papiers à la Mode”. A mostra é um verdadeiro passeio pela história da moda através de 60 trajes desenvolvidos por Isabelle de Borchgrave, conhecida artista plástica belga, com colaboração de Rita Brown, designer canadense de figurinos.

As obras apresentadas são releituras de modelos criados por famosos estilistas e até mesmo inspiradas em antigas telas. E, para espanto de quem visita o museu, todas as peças são confeccionadas exclusivamente em papel, desde sapatos até xales. Coisa difícil de acreditar, levando em conta tamanha semelhança com os tecidos tradicionais como a seda e até mesmo a renda.

Nessa exposição é possível conferir não apenas a evolução do figurino feminino nos últimos 400 anos, mas também todas as vitórias conquistadas pelas mulheres através do tempo. Isso fica claro em alguns figurinos, como o inspirado na Rainha Elizabeth l, todo elaborado, apertando o corpo feminino para lhe proporcionar uma silhueta considera mais elegante em meados do século XVl, mas sem qualquer conforto. Alguns séculos depois, a mulher já conquistava certa liberdade, como notamos no traje inspirado num vestido de Paul Poiret, estilista do início do século XX, conhecido como o “libertador das mulheres” por ter acabado com a ditadura do espartilho, deixando a mulher bela e confortável em vestidos com linhas mais soltas e simples.

“Papiers à la Mode”, começou a ser desenvolvida em 1994 e já rodou o mundo, passando por museus de países como França, Japão e Londres, e arrancando suspiros de quem tem a oportunidade de visitar a exposição. Agora é a vez dos brasileiros se encantarem com os figurinos de Isabelle de Borchgrave. É chance que todos têm de conferir verdadeiras obras de arte desenvolvidas em papel e conhecer um pouco mais sobre a história da moda mundial de maneira bela e interessante, sem ter que desembolsar nada para isso.

“Papiers à la Mode”
Data: De 12 de Outubro a 14 de Dezembro de 2008.Horários: de 3ª a 6ª feira, das 10h00 às 20h00.Sábados, Domingos e Feriados, das 13h00 às 17h00.

Local: Museu de Arte Brasileira da FAAP . Rua Alagoas, 903 – Higienópolis. São Paulo/SP.
Mais informações: http://www.faap.br/
Por Luciana Morais.

Teatro

Comédias Stand-up fazem sucesso em São Paulo.
Hoje estréia a peça ‘Venha antes que eu acabe’, o espetáculo aborda situações cômicas da vida de uma pessoa que tem que mudar toda sua rotina em função de novas condições de saúde. A idéia da peça surgiu após o ator e redator Márcio Ribeiro ter sofrido dois enfartes. Márcio é um dos fundadores dos dois grupos precursores da comédia Stand-up no Brasil, o ‘Clube da Comédia’ e o ‘Comédia ao Vivo’. ‘Venha antes que eu acabe’ é uma peça que irá divertir os paulistanos no Teatrix às 21h30.
Hoje a apresentação de ‘Comédia a La Carte’ convida o humorista Luiz França para uma participação. O grupo apresenta, de cara limpa, textos humorísticos que abrangem temas como relações entre homens e mulheres, cinema, atualidades, com textos próprios e sem cenário. Em uma única apresentação com duração de uma hora, no Duet’s Bar & Videokê às 22h30.

Por Fabíola Batista

O livro “Seda”, do italiano Alessandro Baricco, é uma irresistível mistura de conto, fábula , romance de aventura, amor e muitas, muitas sensações. O livro narra a historia de Hervé Joncour, cidadão pacato de uma cidade francesa do século XIX, que vive uma paixão proibida quando viaja para o Oriente Médio em busca de ovos do bicho-da-seda. Muito mais que uma historinha de amor proibido, “Seda” trata da pureza desse sentimento em longos períodos resumidos em poucas linhas. É um livro de poucas palavras, mas muito denso. Acima de tudo, é um livro a respeito das sensações que o amor produz em uma pessoa, sem ciúmes ou erotismo explicito. No livro, a seda pode tanto ser o tecido que é a base da economia da cidade, quanto a delicadeza com que o tecido toca a pele, quase que um toque amoroso.
Em contra partida ao amor contido de “Seda”, o livro “Dia de Sofrimento” de Catherine Millet é um magnífico relato sobre uma doença atemporal e universal, o ciúme, e de como ele penetrou em seu casamento com Jacques Henric. “O sofrimento era tão agudo que às vezes era comparável às pulsões que dominam os assassinos e estupradores seriais”, conta Catherine em entrevista a Nouvel Observateur.
É fato que o amor contido e silencioso de “Seda” não é igual ao amor ciumento e explosivo de “Dia de Sofrimento”, mas os dois livros trazem-nos à flor da pele sentimentos que abarrotam os corpos humanos.
por Bethânia Morico

Planeta Terra Festival

No dia 08 de Novembro acontece em São Paulo um dos maiores eventos musicais do ano, o Planeta Terra Festival.

O show terá a presença de doze grandes nomes nacionais e internacionais, divididos em três stages, ou seja, três palcos diferentes.

Entre as atrações mais aguardadas pelo público estão a banda californiana Offspring, os britânicos da Bloc Party, a banda de indie rock, Kaiser Chiefs e uma das mais importantes bandas de rock alternativo da cena mundial, a Jesus and Mary Chain.

Os brasileiros, por sua vez, são representados por nomes de grande destaque, entre eles o da adolescente cantora Folk, Mallu Magalhães, comemorando a estréia de seu primeiro CD, e a também banda Folk, Vanguart.

Estes nomes citados acima fazem parte do Main Stage, e são, portanto as atrações principais do evento.

O Indie Stage é composto por bandas como a Brothers of Brazil, Curumin, Animal Collective, Foals, Spoon e a The Breeders.

Já o terceiro palco do festival, o DJ Stage, conta com a presença do produtor escocês Mylo, os DJ's Mau Mau, Justin Robertson e Felix da Housecat.

Para os que se interessaram agora por alguma das atrações do festival, não podemos deixar de comunicar que a venda dos ingressos já se esgotaram, mas ainda assim tem os que irão buscar, com sucesso ou não, o mercado paralelo. Nesse caso os preços variam de R$ 200 a R$ 250.

Aos que adquiriram seus convites com antecedência basta que no dia 8 de Novembro, Sábado, às três horas da tarde compareçam à Villa dos Galpões, em São Paulo

Por Ana Carolina Souza

Feliz Natal (2008)

Selton Mello que já é reconhecido pelos seus diversos trabalhos no cinema nacional, protagonista de vários filmes, como por exemplo O Auto da Compadecida e Meu Nome Não é Johnny, agora estréia como diretor do filme Feliz Natal. É o primeiro filme dirigido por Mello, e se depender dele, será o primeiro de vários.Segundo o que ele vêm dizendo em entrevistas, Mello pretende dar um tempo para carreira de ator e trabalhar mais como diretor.Ele gostou tanto de dirigir o filme Feliz Natal, que já está pensando no seu próximo filme.

“ As pessoas esperam um retrato do que eu fiz como ator, mas na verdade não me conhecem, conhecem apenas meus personagens.Este filme sim sou eu, é a minha alma”, declarou Selton Mello na coletiva de imprensa do filme.

Para quem quiser conhecer o verdadeiro Selton Mello, não pode deixar de assistir Feliz Natal. O filme estréia no dia 21 de novembro em cerca de 30 salas do país.


Sinopse

Caio (Leonardo Medeiros) tem quarenta anos e trabalha em um ferro-velho no interior. Naquele universo cercado de pedaços de peças enferrujadas ele tenta montar o quebra-cabeça da própria existência. Hoje ele tem uma companheira leal e uma ocupação constante, mas no passado levou uma vida de grande irresponsabilidade, da qual saiu vivo por sorte, mas teve que se afastar da cidade, da família e dos amigos. Hoje, perto do natal e das festas de final de ano ele faz um balanço dos acontecimentos e decide voltar pra capital. Chegando lá encontra Theo, seu irmão, um homem enredado na teia corporativa e vivendo um casamento em crise. Miguel, seu pai, agora vive com uma moça de caráter duvidoso. Mércia, sua mãe, a mãe abandonada, a mãe de todos os males, se sustenta à base de coquetéis alcoólicos e psicotrópicos. Fabiana, sua cunhada, está perdida entre frustrações de um casamento naufragado. Os sobrinhos Bruno e Vitor crescem rapidamente e estão cada vez mais exigentes e seus amigos do peito, Neto e Alex, pararam no tempo gastando suas vidas em noitadas repletas de excessos. Muitas coisas permanecem iguais, outras nem tanto, mas sua simples presença causará transformações, pois pequenos fatos isolados que acontecem em frações de segundo modificam radicalmente a vida de várias pessoas todos os dias. E então finalmente Caio reencontrará um homem que ele não via muito tempo. Ele mesmo.
Escrito por Edilene Monteiro.

Bruno Yutaka Saito é jornalista e trabalha como editor assistente no caderno Ilustrada da Folha de São Paulo. Foi convidado por Leonardo Cruz, também editor assistente da Folha, para participar do Blog Ilustrada no Cinema. O blog é uma forma de publicar as matérias que não saem na versão impressa e complementar as que são publicadas. Segue abaixo entrevista completa:

O que há, Cultura? - A linguagem do blog parece mais descontraída do que a linguagem dos jornais. Há muita diferença entre escrever para um blog e para um jornal?
Bruno Yutaka Saito - Tem bastante diferença, nos dois meios a gente tem que se preocupar com a notícia, checar se a informação está correta, não usar uma linguagem muito vulgar e utilizar o português correto, tanto no impresso quanto no blog. Eu acho que a diferença básica é que o blog você precisa ter uma linguagem mais descontraída e quando falo linguagem descontraída não significa ficar contando piadas, mas sim usar no blog uma linguagem mais adequada ao meio interativo. Assim, você tem que criar uma linguagem que tenha uma conexão com o leitor. Nesse meio escrevemos muito em primeira pessoa, podemos deixar clara nossa impressão sobre um evento, uma estréia, já no jornal impresso, dificilmente fazemos isso.

OQHC -
Nós temos a impressão de que no blog o jornalista pode expressar melhor sua opinião do que nos meios tradicionais como revistas e jornais, isso acontece mesmo?
Bruno - Tanto no blog quanto no impresso nós podemos dar nossa opinião, mas no blog, no meu caso, acabo dando ainda mais minha opinião. Também escrevo as sensações que tive quando vi um filme, o que é uma coisa mais livre.

OQHC - Como é a resposta dos leitores que acessam o blog? Você estabelece uma relação com eles?
Bruno - Os internautas geralmente deixam comentários nos posts, muitos deixam suas impressões positivas sobre um filme. Mas também existem aqueles comentários de pessoas que não gostam do que você falou sobre um filme, muitas vezes esse tipo de resposta é ainda maior do que os comentários positivos, criticando o jornalista e partindo para a ofensa pessoal.

OQHC - Além de escrever para o blog “Ilustrada no Cinema”, você também tem um blog pessoal, qual a diferença entre eles?
Bruno - O meu blog não tem nenhuma relação com meu trabalho jornalístico, é apenas um blog pessoal. Eu escrevo coisas pessoais minhas, coisas mais no campo da literatura do que no campo do jornalismo e não há nenhuma conexão com a Folha de S. Paulo.

OQHC - Qual sua impressão sobre os blogs que são escritos por pessoas comuns, que não são jornalistas? Podem ser levados a sério?

Bruno - Depende, sempre podemos encontrar blogs bons e ruins, tanto profissionais como pessoais. Existem aqueles que não são ligados a nenhum veículo grande de imprensa, mas que são sérios, assinados por jornalistas respeitados. Na verdade, deve-se levar analisar quem escreve o blog, se é uma pessoa confiável ou não, se realmente checa as informações antes de publicar, pois muitos adolescentes que criam uma página pessoal pegam uma informação errada e colocam no ar. Isso é complicado.

OQHC - Quando surgiu a internet e os blog, as pessoas diziam que o jornal impresso acabaria, você acha isso provável?
Bruno - Eu acho muito difícil isso acontecer, mas sempre ouço também. Segundo algumas pesquisas, isso pode até acontecer um dia, mas é bem improvável que aconteça porque a tendência é que haja cada vez mais um diálogo entre o meio impresso e o digital, um auxiliando o outro. O que não significa que um deles vai acabar, queira ou não, o jornal impresso ainda dá a sensação de maior credibilidade, por mais que seja a mesma informação no papel e no digital, um empresário ou um político vai ler um jornal impresso e ter mais sensação de credibilidade.

OQHC - Você acha que vai demorar muito tempo até os blog alcançarem a credibilidade dos jornais impressos?
Bruno - Eu não acho que o blog não tenha credibilidade, ele tem, e nos dias de hoje ele mudou muito. O blog é visto hoje como uma mídia adicional, não vai ser mais importante que um jornal impresso e o jornal impresso não vai ser mais importante que o blog, eu costumo dizer que eles são complementares.

OQHC - Um meio existe por causa do outro, há uma convergência entre eles?
Bruno - É, acho que existe um diálogo. Dificilmente o jornal impresso vai acabar, assim como dificilmente o blog vai acabar. Você lê um jornal impresso e lá encontra, no fim da matéria, escrito “leia mais na Folha Online”, ou, se você estiver na Folha Online, poderá encontrar “veja mais na versão impressa”. Hoje os blogs de economia e política tem muita credibilidade e, às vezes, como a informação é publicada mais rapidamente no blog, o furo é dado por esse veículo. Após o furo, o jornal vai publicar a mesma notícia alguns dias depois, porque tem horário de fechamento, de ir para a gráfica. Então o blog tem esse fator a mais de credibilidade no sentido de publicar mais rápido e dar as informações mais quentes. Já o jornal impresso tem a vantagem de ser “material”, as pessoas querem ter o jornal na mão, ler a primeira página.

OQHC - Você nos disse que no “Ilustrada no Cinema” são publicadas matérias que não cabem na versão impressa, as notícias publicadas na internet são as mesmas ou são diferentes das publicadas no jornal?
Bruno - Depende de cada post, volta e meia um grande estúdio de cinema convida um jornalista pra ver um filme, entrevistar os atores e diretores, como fizemos recentemente com o filme do James Bond. Na versão impressa, podemos colocar uma entrevista inteira, nós podemos pegar a entrevista toda e colocar do mesmo jeito que saiu no jornal ou modificar um pouco o texto e colocar a notícia no blog. Não tem problema nenhum publicar uma matéria mais séria que saiu no jornal e colocar na internet.

OQHC - Quais dicas você daria as pessoas que estão iniciando um blog, assim como nós do blog “O Que Há, Cultura?”?
Bruno - Primeiro vocês têm que definir o tema do blog, mas é preciso ter cuidado ao definir o assunto, o tema pode ser amplo, mas a realidade é que os internautas procuram um blog com um assunto específico. No caso da cultura geral, abrange música pop, erudita, literatura e dança mesmo arquitetura pode ser considerado cultura. Quando o tema do blog é muito amplo fica mais difícil agradar o internauta tendo tantas direções diferentes. O internauta já sabe qual blog acessar para saber mais sobre cinema, de música pop; a pessoa entra no blog já sabendo que lá encontrará informações detalhadas sobre aquele nicho. Então, para iniciar um blog é importante definir qual assunto será tratado, depois precisa ser um bom jornalista, checar bem a informação, você não pode depender só da acessória de imprensa. É fundamental estar na rua, é preciso ler muito jornal e ter uma visão crítica de tudo, não simplesmente pegar uma notícia e reproduzir no blog. No caso de um filme, questionar “será que o filme é bom mesmo?” é necessário, ler matérias de gente que falou bem e de quem não gostou do filme, para ter sua própria opinião. A diferença entre um blog ruim para um bom, é que num blog ruim uma pessoa diz apenas que não gostou do filme, mas com base em nada. Já num blog bom, o jornalista assiste ao filme duas ou três vezes para ter a opinião dele, vai comparar com outros filmes do mesmo diretor e vai pesquisar muito antes de falar qualquer bobagem. Para fazer um bom blog, ser um bom jornalista, é preciso ter uma bagagem cultural.

Com a facilidade da internet, os meios de informações tradicionais deixaram de ser os mais procurados para a busca por informação, principalmente quando se procura informações sobre cultura, seja uma crítica mais elaborada, seja um simples roteiro. Os blogs já não são mais simples diários on-line, hoje eles exercem a função de guiar os leitores pelo mundo cultural. O que há, cultura? é o mais novo guia deste mundo.
Aqui você encontra as novidades para não perder o que há de melhor em São Paulo.
Por falar em imperdível, o destaque dessa semana fica por conta do cinema. No filme Ensaio Sobre a Cegueira, uma epidemia de cegueira atinge uma cidade, fazendo com que as pessoas exponham cada vez mais seus instintos primitivos. Com direção de Fernando Meirelles, o filme é baseado no livro homônimo do português José Saramago. Ele afirma que seu livro é “terrível”, não por ser ruim, mas por ter sofrido ao escrevê-lo e esperar que seus leitores também sofram. “Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso", diz Saramago.

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