O livro “Seda”, do italiano Alessandro Baricco, é uma irresistível mistura de conto, fábula , romance de aventura, amor e muitas, muitas sensações. O livro narra a historia de Hervé Joncour, cidadão pacato de uma cidade francesa do século XIX, que vive uma paixão proibida quando viaja para o Oriente Médio em busca de ovos do bicho-da-seda. Muito mais que uma historinha de amor proibido, “Seda” trata da pureza desse sentimento em longos períodos resumidos em poucas linhas. É um livro de poucas palavras, mas muito denso. Acima de tudo, é um livro a respeito das sensações que o amor produz em uma pessoa, sem ciúmes ou erotismo explicito. No livro, a seda pode tanto ser o tecido que é a base da economia da cidade, quanto a delicadeza com que o tecido toca a pele, quase que um toque amoroso.
Em contra partida ao amor contido de “Seda”, o livro “Dia de Sofrimento” de Catherine Millet é um magnífico relato sobre uma doença atemporal e universal, o ciúme, e de como ele penetrou em seu casamento com Jacques Henric. “O sofrimento era tão agudo que às vezes era comparável às pulsões que dominam os assassinos e estupradores seriais”, conta Catherine em entrevista a Nouvel Observateur.
É fato que o amor contido e silencioso de “Seda” não é igual ao amor ciumento e explosivo de “Dia de Sofrimento”, mas os dois livros trazem-nos à flor da pele sentimentos que abarrotam os corpos humanos.
por Bethânia Morico

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